Abril e M&M ampliam portfólio, de olho num cenário que indica recuperação para periódicos. O mercado brasileiro de revistas está mostrando que crise na mídia e, mais, questionamentos a respeito da sobrevivência dos meios tradicionais, são assuntos que não combinam com o momento atual, no qual novos títulos estão chegando às mãos do leitor, sempre com o apelo da segmentação. De acordo com a Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner), com base em dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC), a circulação paga de revistas no Brasil ficou em 406,7 milhões de exemplares em 2006, o que indica praticamente uma estabilidade sobre os 392 milhões de 2005 (salto de 3,8%).
A Editora Meio & Mensagem é uma das que estão apostando em lançamento. Está semana chega às mãos dos leitores a "Meio Digital", uma revista bimestral que vai tratar dos tema comunicação x tecnologia. A revista recebeu um aporte de R$ 1 milhão (para seis edições), com a expectativa de faturar R$ 1,5 milhão no primeiro ano.
De acordo com o diretor do núcleo digital da Editora Meio & Mensagem, Marcelo de Salles Gomes, este é um projeto que já foi testado em 2000, mas que agora encontra a hora certa para retomar a circulação. "Apesar do nome, a revista não vai falar somente do digital, mas sim de assuntos de comunicação em geral, nos quais a tecnologia tenha influência", explica o executivo.
Salles Gomes ressalta ainda que o perfil é bastante diferente do semanal "Meio & Mensagem". "A própria periodicidade muda. A "Meio Digital" vai trazer assuntos que estão um passo à frente, para discussão. Vamos falar muito de tendências, por exemplo." Tem tiragem de 15 mil exemplares.
O site da revista permite ampla integração com o leitor e vai mudar completamente a cada edição, afirma Salles Gomes. Sobre distribuição, 85% das revistas vão chegar aos mesmos assinantes do "Meio & Mensagem", com a preocupação de diferenciar a revista dos especiais feitos pelo jornal. "Não vamos deixar coincidir as datas", explica o executivo.
Para a diretora-geral de mídia da agência Y&R, Luciana Schwartz, "existe espaço para todos os meios e a revista continua tendo uma importante função para o anunciante". "Além disso, as publicações brasileiras são elogiadas pela qualidade", completa Luciana.
A Editora Peixes - Companhia Brasileira de Multimídia (CBM) - também tem dois projetos de novos produtos, mas que por enquanto não podem ser revelados com detalhe, afirma o presidente, Angelo Rossi. "Um é dedicado aos jovens pais e outro ao público masculino em geral. São duas revistas mensais", conta Rossi. As novidades seriam para este ano.
O presidente da Peixes diz acreditar que a segmentação é mesmo a maior estratégia para o setor de revistas sobreviver bem na nova era da comunicação. Cita alguns assuntos em destaque, como esportes, mercado gay, religião e auto-ajuda. "A revista é uma mídia totalmente qualificada, que o consumidor paga para ver. O anunciante pode falar com um público bem específico", argumenta Rossi. Segundo o presidente, a previsão é de que a Editora Peixes encerre este ano com um faturamento 15% maior.
A Editora Abril também prova que revistas continuam com fôlego, ao preparar dois lançamentos. A "Revista da Semana" começa a circular em 30 de agosto, com investimento de aproximadamente R$ 15 milhões, enquanto a "Gloss" chega às bancas no começo de outubro. Na feminina o aporte é ao redor de R$ 10 milhões.
De acordo com Mauro Calliari, VP de publicação da Editora Abril, a "Revista da Semana" é justamente um resumo dos fatos mais importantes, com textos curtos dos mais variados assuntos. Prova de que a internet pode não ser um empecilho. São cerca de 150 assuntos diferentes em cerca de 40 páginas de revista, conta o VP da Abril. "A segmentação hoje ocorre muito mais por atitude. É nisso que estamos atentos", pontua Calliari.
Já a "Gloss", segundo a diretora do núcleo de comportamento da Abril, Helena Bagnoli, vem para preencher uma lacuna existente na editora, que é um produto para mulheres, com idades entre 18 e 28 anos. Justamente o jovem, que muitos especialistas dizem correr de qualquer leitura que não seja na web. "Detectamos que muitas delas não lêem por não encontrar um produto específico", menciona Helena. A revista tem "formato bolsa", pouco menor que as tradicionais. Mensal, vem com tiragem de 200 mil exemplares.
A diretora de vendas avulsas e marketing leitor da Editora Globo, Regina Bucco, pontua ao dizer que o mercado de revistas volta a receber lançamentos, o que não quer dizer que viva período de crescimento. "Alguns segmentos vão bem, como revistas de celebridades e negócios e economia; outros estão estáveis, como semanais de informação e femininas; ainda há aquelas que estão em queda como turismo e feminina/jovem", destaca Regina.
Segmentos-chave
A Editora Globo possui projetos para o lançamento de novas revistas neste ou no próximo ano. A tendência, comenta Regina, é lançar produtos nos segmentos que estão em crescimento, a exemplo do último lançamento, a revista mensal "Época Negócios", que chegou ao mercado em março, e que alcançou uma tiragem de 100 mil exemplares. "Estamos avaliando o mercado e fazendo o levantando das possibilidades de lançamento", afirma.
Entre outros setores em crescimento, Regina citou revistas masculinas, de decoração e puericultura (bebês e crianças). Com 9 milhões de leitores, a empresa informa ter faturado mais de R$ 400 milhões ano passado, informa a executiva. A Editora globo prevê crescimento de 10% na venda de exemplares neste ano.
A Editora Escala prevê um salto no seu faturamento, comparando este ano com o número do ano passado. "Vamos crescer cerca de 15%", afirma o presidente da empresa, Hercílio de Lourenzi. Conta que a Editora Escala edita cerca de 45 títulos todos os meses, com periodicidades variadas, o que daria 6 milhões de exemplares por mês, como tiragem. "As novas mídias não vão acabar com as tradicionais. O segredo é levar ao leitor exatamente o que ele procura, acompanhando as mudanças de comportamento", ensina Lourenzi.
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